quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

A importância do perdão - o saco de carvão

O pequeno Zeca entra em  casa, batendo os pés no assoalho com força. Seu pai, que estava indo para o quintal fazer alguns serviços na horta, chama o menino para uma conversa.
Zeca, de oito anos de idade, o acompanha desconfiado. Antes que seu pai dissesse alguma coisa, fala irritado:
- Pai, estou com muita raiva. O Juca não deveria ter feito isso comigo. Desejo tudo de ruim pra ele, quero matar esse cara.
Seu pai, um homem simples, mas cheio de sabedoria, escuta calmamente o filho que continua a reclamar:
- O Juca me humilhou na  frente dos meus amigos. Não aceito isso! Gostaria que ele ficasse doente sem poder ir para a escola.
O pai escuta tudo calado, enquanto caminha até um abrigo onde guardava um saco cheio de carvão. Levou o saco até o fundo do quintal e o menino o acompanhou calado. Zeca vê o saco ser aberto e, antes mesmo que pudesse fazer uma pergunta, o pai lhe propõe algo:
- Filho, faz de conta que  aquela  camisa  limpinha  que  está secando no varal  é o seu amigo Juca, e  que cada pedaço de carvão é um mau pensamento seu endereçado a ele.
Quero que você jogue todo o carvão do saco na camisa, até o último pedaço.  Depois eu volto para ver como ficou.
O menino encarou como uma brincadeira e pôs as mãos à obra. O varal com a camisa estava longe, e poucos pedaços acertavam o alvo. Uma hora depois terminou a tarefa. O pai, retorna e lhe pergunta: - Filho, como está se sentindo agora?
- Cansado mas  alegre. Acertei muitos pedaços de carvão na camisa.
O pai olha para o menino, que não entendeu a razão daquela brincadeira, e com carinho lhe diz:
- Venha comigo até meu quarto, pois quero mostrar-lhe uma coisa.
Lá o menino é colocado diante de um espelho, onde vê todo o seu corpo.
- Que susto!  Disse o menino, enxergando apenas seus dentes e olhos.
O pai, então, lhe diz ternamente:
- Filho,você viu que a camisa no varal quase não ficou suja, mas olhe só para você. O mal que desejamos aos outros é como o que lhe aconteceu. Por mais que possamos  atrapalhar a vida de alguém com nossos pensamentos, os resíduos e a fuligem ficam sempre em nós mesmos.

·          
Autores: Dom Itamar Viana e Frei Aldo Colombo

Nenhum comentário:

Postar um comentário